Jamais imaginaria um título assim para um artigo, mas este título me
veio num sonho; sim, acordei-me sonhando com este tema: Igreja
verdadeira versus igreja passional. A princípio não entendi, mas depois
pus-me a refletir sobre o sentido de passional, e descobri que vem de
paixão, e tudo o que é paixão tem conotação egoística. Porque paixão ou
passional envolve tudo o que a pessoa anela e deseja para si. Uma
“paixão” é algo que se quer para si e não se pensa em dividir com os
outros.
Por exemplo, Deus tem zelos pela igreja, porque não a quer dividir com o
mundo. A igreja é dele; povo seu. Exclusivamente seu! Deus pode ter
paixão pela igreja, porque a quer unicamente para si. Já não se pode
dizer que se está apaixonado por Deus porque implicaria dizer que não
quer dividir Deus com ninguém mais. Seria como dizer: Deus é só meu!
Então o que significa uma igreja passional? Vou colocar a seguir algumas observações:
1. A igreja é passional quando existe para preencher os desejos das
pessoas e de seus pastores. “A minha igreja”, termo que constantemente
se ouve é um termo passional. Jesus pôde dizer isso, porque a igreja é
dele. “Edificarei a minha igreja”, disse o Senhor. E todos nós somos
cooperadores de Jesus na edificação da igreja que é dele!
2. A igreja é passional quando os irmãos se envolvem apenas com a sua
congregação e ignoram o que está ocorrendo com o corpo de Cristo em todo
o mundo. Ouvi recentemente de uma igreja que mantinha obra missionária
no Uruguai e decidiu chamar de volta seu missionário, deixando a pequena
igreja sozinha porque fazer missões não está mais nos planos do pastor
da igreja. Uma igreja assim faz missões buscando lucro e fama para si e
quando implica em sacrifício financeiro é melhor deixar de lado. Essa é
uma igreja passional, egoística que vive para si mesma.
3. A igreja é passional quando todos os recursos de talentos e de
finanças são usados unicamente para satisfazer o conforto e o orgulho
dos membros. O dinheiro e os bens arrecadados visam unicamente o
conforto da igreja da localidade: melhores poltronas, ar-refrigerado, e
conforto aos membros. Os dons espirituais são usados a favor da
congregação, jamais a favor do corpo de Cristo. É uma igreja passional
que vive para si mesma e não para satisfazer o propósito de Jesus, o
verdadeiro dono da igreja.
Neste sentido, a igreja não é verdadeira, mas passional quando os
líderes pensam em edificar grandes templos e suntuosos edifícios para o
“bem-estar” dos irmãos, enquanto tantas pessoas necessitam de ajuda em
lugares pobres e remotos. Uma igreja passional vive para seus interesses
locais, jamais para o corpo universal de Cristo. Ela pode até construir
grandes prédios desde que o objetivo seja o de alcançar as pessoas para
Deus e de servir a comunidade onde está inserida.
Às vezes sou severamente criticado por viver e pregar em toda a igreja
brasileira, sem me importar com a denominação, mesclando-me com o corpo.
Volto a uma mesma cidade para pregar em igrejas diferentes – e convivo
com pastores e membros de igrejas com o mesmo ardor. Porque a devoção
que dedico à igreja é a mesma devoção a Cristo com o qual estou
comprometido enquanto viver.
4. A verdadeira igreja é inclusiva, abarca todos os povos. Os primeiros
cristãos pensavam diferentemente de nós a respeito da igreja. Nunca
viam sua congregação com primazia e poder sobre as demais. Sentiam-se
parte do povo de Deus em todos os lugares. F.F. Bruce, exegeta e
historiador afirma que não havia igrejas maiores com poderes
eclesiásticos sobre as menores. O que as mantinham unidas era o senso de
ajuda mútua. Uma igreja menor numa região pobre se submetia
naturalmente a igreja maior, porque esta ajudava com recursos materiais
os irmãos mais necessitados. Era o senso de responsabilidade e de ajuda
que unia o povo, nunca doutrinas ou convenções humanas.
5. A igreja passional existe para divertir e alimentar o egoísmo de
seus membros, diferente da igreja verdadeira cuja existência é para
satisfazer os anelos de Deus. Na década dos anos 60-70 a igreja que mais
se destacou no mundo foi a Igreja do Povo em Toronto, porque seu pastor
Oswaldo Smith sustentava missionários do mundo todo com 90% da renda
financeira da igreja e ficava com apenas dez por cento para as despesas
da igreja local. E não eram missionários enviados de lá, mas
evangelistas e líderes de nações pobres que eram ajudados por aqueles
irmãos. Aqui mesmo no Brasil conheci obreiros que recebiam ajuda
financeira de Toronto para realizar a obra de Deus. Oswald Smith amava a
Cristo e sua igreja era comprometida com o Reino de Deus. Não era uma
igreja passional.
Oswald Smith afirmava que a “ tarefa suprema da Igreja é a
evangelização do mundo” e perguntava: “Por que alguém deveria ouvir do
evangelho duas vezes, quando há pessoas que não o ouviram nenhuma vez”. E
ia mais longe desafiando as pessoas: “Se Deus quer a evangelização do
mundo, mas você se recusa a sustentar missões, então você se opõe à
vontade de Deus”. E concluía: “Você deve ir ou enviar um substituto”.
O que fazer para não incorrer no erro de se ter uma igreja passional,
que ama mais a si mesma do que a Jesus? Basta inverter os pontos
negativos acima seguindo o propósito de nosso Senhor. A igreja existe
para servir os povos. A igreja passional não cresce porque vive para si
mesma. As igrejas que crescem são as que vivem unicamente para Deus.
Pr. João de SouzaConheça mais o ministério do pr. João A. de Souza em seu site;
www.pastorjoao.com.br
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